Repense os elogios aos seus filhos e filhas
Quando um pai ou mãe elogiam seu filho, jamais poderiam imaginar o quanto aquelas belas palavras de aparente incentivo podem soar mal aos ouvidos das crianças…
Como assim? É sério isso? Meus elogios podem fazer mal?
Sim, especialmente quando falamos em MINDSET.
Em que?
Embora a palavra seja difícil e até nova para muitos, não é difícil entender. Digamos que é a maneira como sua mente é configurada.
Alguns estudos segmentaram a forma como reagimos a desafios, novidades, dificuldades, em dois padrões de comportamento, dois tipos de mentalidades: pessoas que tem MINDSET FIXO e as com MINDSET DE CRESCIMENTO.
Aprender a desaprender
As pessoas que apresentam o mindset fixo tendem a recusar desafios, pois acreditam que suas qualidades são imutáveis e que já está “escrito” seu futuro baseado nelas. Isso cria a necessidade constante de ter que provar a si mesmo o seu valor. De certa forma isso te limita (e muito!), pois se você possui apenas uma quantidade limitada de inteligência, determinada personalidade e certo caráter moral, terá que viver com aquilo mesmo. Limitante, não? Então, diante de um desafio maior, a pessoa se questionará se aquilo o fará parecer um tolo ou um gênio. Ficará na dúvida se será aceito ou rejeitado.
Os que possuem mindset de crescimento acreditam que suas qualidades básicas podem ser cultivadas através do esforço. As pessoas podem ser diferentes em talentos, aptidões, interesses e temperamento, mas cada um de nós pode se modificar e desenvolver por meio do esforço e da experiência.
Pensando assim, qualquer um pode se tornar um gênio? Não necessariamente, porém a creditam que o verdadeiro potencial de uma pessoa é desconhecido. Que não se pode prever o que alguém é capaz de realizar acumulando esforço e treinamento.
Voltando à questão do elogio, se eu elogio o talento ou a inteligência da criança (quem nunca pareceu estar diante de uma obra de arte quando o filho chega com aquele “garrancho”?), seu filho tende a se precaver nas próximas tarefas relacionadas à qualidade elogiada ou o talento demonstrado, com receio de não corresponder e perder a admiração que os pais demonstraram. Mindset fixo instalado.
Pelo contrário, quando elogiamos o engajamento das crianças diante de uma tarefa executada, estamos motivando-os a aceitarem novos desafios. Quando eu falo engajamento, estou falando do foco, esforço, perseverança, estratégias, trabalho duro. Ao se depararem com dificuldades, a tendência é que aceitem, pois sabem que seu esforço será reconhecido pelas pessoas que ele mais ama.
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Aprendendo a reaprender
O ideal então é ensinar seus filhos a amar os desafios, a ficarem intrigados com os erros, a desfrutarem do esforço e continuarem aprendendo. Sempre!
Mais uma coisa: cuidado com o que se fala entre vocês, adultos, pensando que as crianças não te ouvem. Sempre que você rotula uma outra criança, filha da amiga, de “gênio” ou de “cabeça de bagre”, seus filhos se questionarão, ainda que internamente, “o que será que eles pensam de mim?”
Vale lembrar o que todos nós, pais e mães, sabemos bem: nossas atitudes valem mais que palavras, e por isso temos que nos policiar para podermos ativar nosso mindset de crescimento. Depois disso, você se acha velho para aprender uma língua nova ou um instrumento musical?
Trabalhar com essas duas possibilidades pode ser difícil no começo, mas quando se pratica, fica mais fácil enxergar os dois mindsets quando nos deparamos com uma novidade, ou mesmo quando acabamos de fazer algo que (agora sabemos) não deveríamos ter feito. Isso nos permite, inclusive, corrigir a maneira de elogiar os filhos na próxima vez. Acreditem! Eu tinha mindset fixo, e ele ainda me assombra às vezes, porém agora que eu sei identificar minha forma de pensar com base nessas duas opções, me vejo com a possibilidade de mudar isso.
Um convite
Ah, e se você leu tudo isso, até o fim, nesse mundo onde não temos muito tempo para ler, pois as mídias sociais nos convidam ao ócio, você tem grande chance de mudar, de ativar o mindset de crescimento na sua casa, na sua família, e junto às pessoas que gosta.
Como costumo finalizar minhas histórias, me despeço aqui: Bons sonhos!
*Autor: Renato Oliveira é pai da Camila e da Marília, e criou o aplicativo CONTATÓRIA, onde cria histórias para famílias e as narra para ajudar os adultos no processo de colocar a criança para dormir com conteúdo, e sem interação com os eletrônicos.
ADRIANO BISKER
Ótimo texto!!! Bora ensinar os filhos a encararem os desafios, ficar intrigados com os erros e principalmente desfrutarem do esforço!
Anônimo
4.5