Dia com o pai
Faz alguns anos que já não consigo ter esse dia: O Dia com o pai. E acredito que muitos também não conseguem mais, afinal os filhos crescem. O mundo fica pequeno e a vida alarga. Mas, nas palavras de Drummond: vou crescer assim mesmo, sem se esquecer!!!! Então, eu recordo, nas minhas lembranças reais, as que me foram contadas e também as que inventei com a memória do afeto e assim ficaram guardadas, e sempre serão lembradas carinhosamente como o meu dia com o pai.
E, ao recordar esse dia, valido a teoria da minha prática diária de trabalho, de que pais e mães são os verdadeiros especialistas em suas crianças e de que não existe uma abordagem única para criar os filhos.
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Pais são únicos
Desde o início da vida, pais seguram as crianças de forma única e diferente das mães. Quando dou essa informação, geralmente ela é interpretada como uma inabilidade dos homens em tomar uma criança nos braços. Então, esclareço que pais não envolvem seus filhos de forma errada, apenas diferente. A princípio, pode-se pensar que isso ocorre porque mulheres tem culturalmente ou biologicamente mais preparo para segurar um bebê. Porém, estudos em neurociências demonstram que, não importa o treinamento prévio, pais oferecem experiências aos filhos distintas das mães.
Singularidades Paternas
Pais não vêm com cordão umbilical e mesmo assim nos enlaçam e nutrem ao longo da vida. São estes vínculos inicias, paternos, que ladrilham importantes vias do desenvolvimento infantil. As crianças cujos pais estão envolvidos nos seus cuidados diários, como alimentação, banho e brincadeiras, tendem a ser mais confiantes e, à medida que crescem, desenvolvem relações mais profundas de amizade.
A forma de brincar dos pais que, por ser mais energética, muitos encaram erroneamente como menos cuidadosa do que as brincadeiras maternas, ajuda a regular os seus sentimentos e comportamento das crianças. Ao brincarem, pais ensinam os filhos a lidarem com impulsos agressivos e com o contato físico de formas socialmente aceitáveis. Enquanto as mães são mais propensas a formar vínculos seguros por confortar seus filhos quando eles estão angustiados, os pais oferecerem segurança no contexto da excitação controlada de jogo ou disciplina. Isso ajuda as crianças a aprenderem onde existem os limites de segurança e de riscos, uma habilidade muito importante que aumenta a auto-regulação e pode evitar problemas com agressão e violência no futuro.
Crianças que crescem com os pais envolvidos em seu dia-a-dia tendem a ser mais pacientes e, quando forem mais velhos, lidarão com as tensões e frustrações associadas com a escolaridade mais facilmente do que as crianças com pais menos presentes. O envolvimento paterno também promove resiliência e fatores protetores, pois as crianças cujos pais são mais presentes estão menos propensas a terem problemas em casa, na escola e na vizinhança, bem como apresentam menor risco para sofrer de depressão.
Pais e filhos nascem no mesmo dia e se validam na existência com o contato um com o outro. Por isso você PAI, crie esse dia com o seu filho, o “Dia com o Pai”, e com mais ninguém. Só você e ele ou ela! Passe um dia com seu filho(a), veja-o, assista-o, brinque com ele(a), interaja, e principalmente, se faça presente!!! Isso será com toda a certeza, fundamental para seu filho(a), e como psiquiatra, afirmo e confirma, isso fará uma diferença ENORME no desenvolvimento cognitivo dele(a).
Ah e não se esqueça, caso você seja pai com um pai, ainda vivo: Passe um dia com O PAI também!!! Te ajudará e muito a ser um PAI e um FILHO melhor.
*Autora: Dra. Laura M. Feitosa, Pediatra e Psiquiatra da Infância e Adolescência, especialista em Vinculação Pai-Mãe-Filhos, pesquisadora no Programa de Atenção à Primeira Infância (PAPI) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Contatos:Clínica Desenvolver (11) 3589.8259, laurafeitosa@gmail.com
Anônimo
4.5