Dentre as doenças psiquiátricas, é considerada uma das mais graves, de acordo com a OMS, está entre as 10 maiores causas de incapacitação das pessoas. No Brasil, estima-se que existam entre 3 e 4 milhões de portadores.
Seus portadores estão permanentemente ansiosos com a possibilidade de que algo de terrível possa acontecer, como: contrair uma doença, incendiar a casa ou cometer falhas, eventos pelos quais se sentem responsáveis. Essas preocupações e medos os obrigam a fazer rituais bem como fazer verificações de forma repetida, acreditando que, com tais atos, podem impedir que os desastres ocorram.
Além disso, são atormentados quase que permanente e excessivamente por medos, duvidas, pensamentos impróprios, e cenas violentas ou chocantes dos quais não conseguem se livrar, o que compromete seriamente sua vida pessoal e de sua família.
Existem tratamentos efetivos: medicamentos (mediante avaliação e orientação de um medico psiquiatra) e psicoterapia – que, juntos, podem, de forma rápida, aliviar o sofrimento de 70% ou mais dos pacientes, muitos deles conseguindo eliminar por completo os sintomas.
Os sintomas do TOC envolvem alterações:
PENSAMENTO – obsessões como duvidas, preocupações excessivas com doenças, com falhas, pensamentos de conteúdo impróprio ou “ruim”;
COMPORTAMENTO – rituais ou compulsões, repetições, evitações, lentidão para realizar tarefas, indecisão;
EMOCIONAL – medo, desconforto, culpa, depressão.
O que são OBSESSÕES ?
Obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma repetitiva e persistente. Podem ainda ser cenas, palavras, frases, números, musicas, etc. Sentidas como estranhas ou impróprias, geralmente são desagradáveis, pois são acompanhadas de medo, angustia, culpa, desconforto, nojo ou desprazer.
O indivíduo, no caso do TOC, mesmo não desejando ou considerando tais pensamentos absurdos, impróprios ou ilógicos, não consegue afastá-los ou suprimí-los de sua mente.
Obsessões mais comuns:
– Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação;
– Dúvidas e necessidade de ter certeza;
– Preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência e alinhamento;
– Pensamentos, cenas ou impulsos de ferir, insultar ou agredir as pessoas;
– Pensamentos ou cenas violentas;
– Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados a sexo;
– Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar;
– Preocupações excessivas com doenças ou com o corpo;
– Religião (pecado, culpa, escrupulosidade, cometer sacrilégios ou dizer blasfemais);
– Pensamentos supersticiosos: preocupação com números especais, cores e de roupas, datas e horários (podem provocar desgraças);
– Palavras, nomes, cenas ou musicas indesejáveis que o indivíduo não consegue afastar da mente.
Para realmente entender as obsessões, é importante entender as consequências das quais o paciente tem medo, as principais são:
– de contaminação ou de contrair doenças;
– de cometer falhas imperdoáveis;
– de não conseguir impedir desgraças futuras;
– de ferir a si mesmo ou aos outros;
– de cometer atos impróprios ou moralmente condenáveis;
– de sentir nojo de entrar em contato com certas substancias;
– do que significa ter certos pensamentos de conteúdo agressivo, sexual, supersticioso, impróprios.
Esses medos levam o portador do TOC a fazer algo para afastá-los ou neutralizá-los.
O que são COMPULSÕES ou RITUAIS?
O portador do TOC procura encontrar formas de neutralizar seus medos e afastar o “perigo”, o que o leva a adotar medidas que tem por finalidade reduzir ou eliminar as possíveis consequências desastrosas associadas as obsessões, de modo a sentir-se aliviado.
Para a maioria dos portadores de TOC, a impossibilidade de ter certeza de que os possíveis danos foram reduzidos ou totalmente eliminados é uma das razões que os levam a repetir determinados atos de forma interminável e frustrante, transformando-os em rituais.
A opção preferida quando há dúvida é repetir o ritual.
Compulsões mais comuns:
– Lavagem ou limpeza;
– Verificação ou controle (checagens);
– Repetições ou confirmações;
– Contagens;
– Acumulo, armazenamento ou coleção de coisas sem utilidade ou que jamais serão utilizadas (colecionismo), necessidade de poupar ou economizar;
– Ordem, simetria, sequência ou alinhamento;
– Diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, raspar, estalar os dedos ou as articulações.
Compulsões mentais:
– Repetir certas palavras ou frases;
– Rezar;
– Relembrar cenas ou imagens;
– Contar ou repetir números;
– Fazer listas;
– Marcar datas;
– Tentar afastar pensamentos ou palavras indesejáveis, substituindo-os por pensamentos ou palavras de sentido contrário.
A marca registrada do TOC são as repetições.
Comportamentos associados ao TOC:
– EVITAÇÕES;
– LENTIDÃO MOTORA;
– INDECISÃO;
– HIPERVIGILÂNCIA.
Para o diagnóstico clínico do TOC, além da presença de obsessões e/ou compulsões, os sintomas devem consumir boa parte do seu tempo (mais de uma hora por dia), causar sofrimento acentuado e/ou interferir significativamente na rotina, no funcionamento ocupacional (ou acadêmico) ou nos relacionamentos sociais e familiares, além de não caracterizarem outros transtornos mentais.
*Autora: Renata Sims é Psicóloga, com Especialização em Psicodrama, Terapia Cognitiva Comportamental e Linguagem Hipnótica / Hipnose. Mais de 25 anos de experiência profissional, atuando nas nas áreas da psicologia: Clinica-Hospitalar, Jurídica e Recursos Humanos. Atualmente atendendo em Consultório Particular, prestando serviços ao Hospital São Jose dos Lírios (RJ) e, desenvolvendo treinamentos comportamentais.
e-mail: renatasims.psicologa@gmail.com