Como entender os sinais de fome e saciedade do seu filho?
Desenvolver um relacionamento positivo de alimentação entre cuidador e criança significa, primeiramente, saber identificar e compreender os sinais de fome e saciedade dela. A interação e a comunicação entre ambos durante o momento de alimentação, influencia o progresso das habilidades de alimentação e o consumo adequado de nutrientes. Uma atitude responsiva do cuidador é o centro do desenvolvimento de um bom relacionamento com a comida e das primeiras experiências alimentares.
Lembre-se do desenvolvimento das habilidades da criança e das necessidades nutricionais quando for decidir o tipo, a quantidade, e a textura do alimento a ser oferecido, bem como o método de alimentação utilizado (uso de colher, comer sozinho, com os dedos, etc).
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Não force a comer
Ofereça a comida de uma forma positiva, sem forçar, insistir ou chantagear. As crianças são biologicamente capazes de regularem sua ingestão alimentar, de acordo com suas necessidades de crescimento. Quando um adulto força a criança que está em processo de aprendizagem, a consumir uma quantidade adicional de alimento quando ela já está satisfeita, ela fica confusa em relação às suas sensações de fome e saciedade, podendo gerar, entre outros, uma atitude passiva da criança frente ao alimento. Quanto mais rígidas são as regras de ingestão alimentar, maiores serão as chances de desenvolvimento da obesidade e de preferências inadequadas de alimentação. A criança precisa exercitar a sua autonomia no momento de alimentação Tenha em mente que a dieta delas pode variar em relação ao tipo e a quantidade de alimento ingerido diariamente.
Sinais mais comuns que indicam fome
- Abrir a boca enquanto se alimenta para indicar que quer mais
- Sorrir, brincar, mover a cabeça em direção ao cuidador ou a colher
- Tentar agarrar a colher
- Apontar para a comida
- Ficar excitado e feliz quando a comida se aproxima
- Quando mais velho, expressar desejos específicos por comida através de palavras ou sons
Sinais mais comuns que indicam saciedade
- Selar os lábios
- Virar a cabeça para o lado
- Diminuir ou parar de sugar
- Cuspir o bico ou a comida
- Pegar no sono ou se distrair e prestar atenção mais no ambiente
- Diminuir a velocidade de ingestão
- Fechar a boca ou empurrar a comida
- Balançar a cabeça em sinal negativo
- Quando mais velho, verbalizar que “não quer mais”
Observe cuidadosamente a criança e respeite seus sinais, assim você estará proporcionando um ambiente favorável para o bom desenvolvimento alimentar, evitando dificuldades nesse processo e seguindo práticas seguras de alimentação. Nunca force uma criança a comer. Problemas na interação, no reconhecimento e nas respostas adequadas às pistas, bem como qualquer outra dificuldade durante esse processo deve ser referenciada a uma equipe multiprofissional adequada.
*Autora: Claudia de Cássia Ramos, Fonoaudióloga clínica atua nas áreas de motricidade oral, fala, linguagem e dificuldades alimentares. Integra a equipe do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI, Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Infantil Sabará. Realiza atendimento clinico, pesquisa e publicações na área. Escreve no blog www.falandosobrealimentacao.com.