Toda criança nasce poeta
A infância é essa curiosidade sem fim, uma vontade de saber sobre tudo: sobre a terra, areia, barro, que muitas vezes vai para a boca, uma das primeiras fontes de aprendizagem. Engatinhando, andando, subindo e descendo, pegando e tocando, tudo que possa estar ao seu alcance, as crianças tem um corpo voltado para pensar sobre os objetos, as relações, os papéis sociais, tudo e muito mais, estão conhecendo o mundo. Brincando e sempre em movimento, ás crianças tem um “encantamento perguntador”, que somente um olhar inaugural sobre o mundo pode formular. Aí reside a poesia das crianças. O poder de imaginar e tornar real mundos impossíveis, ou invisíveis para nós. Assim também são os poetas é nesse espaço de descobertas e criações que se encontram as crianças e os poetas.
Contudo, no cotidiano, as crianças vivem em diferentes contextos sociais e são tratadas de diferentes formas, resultando em diferentes modos de ser criança, nem sempre poéticos e acolhedores. Por isso, que não é possível, pensar em uma infância única, como um período rosa, idealizado e isento de problemas.
Diversidade
Não é possível, também, compreender “as crianças” como seres idênticos, iguais, a diferença, essa singularidade, que é ser cada um de nós deve ser um princípio de nossa sociedade. Diversidade.
E nessa interface entre o encantamento com esse modo de ser das crianças e a luta pelos seus direitos que nasceu o GT Cultura Infância da Rede Nacional da Primeira Infância, múltiplos, o GT Cultura Infância é um coletivo formado por artistas, pesquisadores, gestores, produtores culturais e projetos socioculturais de diversas partes do Brasil, atuando num ambiente interativo e construtivo. A pauta que nos une é a da militância por políticas culturais de estado para a infância. É desse sonho de uma infância com acesso à cultura (tanto popular, como no contato com museus, institutos de artes, ateliês), brincar com seus pares, brincar com diferentes elementos naturais, ter acesso a música, ao teatro, à dança, as artes visuais e sobretudo ao direito de ser criança hoje.
Em atividade desde 2014, o Grupo Nacional de Cultura Infância promove um diálogo com a sociedade civil e o poder público, reivindicando programas, ações e recursos públicos para a Cultura Infância nos âmbitos municipal, estadual, distrital e federal. O coletivo realiza o Fórum Nacional Cultura Infância, para sistematizar debates, traçar metas e encaminhar ações.
Venha nos conhecer:
http://www.culturainfancia.org.br/quem-somos/
Para saber mais
A REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA É uma articulação nacional de organizações da sociedade civil, do governo, do setor privado, de outras redes e de organizações multilaterais que atuam, direta ou indiretamente, pela promoção e garantia dos direitos da Primeira Infância – sem discriminação étnico-racial, de gênero, regional, religiosa, ideológica, partidária, econômica, de orientação sexual ou de qualquer outra natureza. Sua missão é articular e mobilizar organizações e pessoas para defender e garantir os direitos da Primeira Infância – criança de até seis anos de idade.
As ações do Grupo Nacional de Cultura Infância são fundamentadas em diretrizes internacionais, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e no Plano Nacional de Cultura (PNC).
A Convenção Relativa aos Direitos das Crianças, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), recomenda ao estado respeitar e favorecer “o direito da criança em participar plenamente da vida cultural e artística, incentivando a organização, em seu benefício, dos meios apropriados de lazer e de atividades recreativas, artísticas e culturais em condições de igualdade”.
A Constituição Federal de 1988 é direta e coloca a criança e o adolescente “como prioridades absolutas no âmbito de todas as políticas públicas”. O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), ao tratar do processo educacional, institui que devem ser respeitados “os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e acesso às fontes de cultura”.
*Autora: Denise Nalini, Consultoria em Arte, Educação Infantil e Cultura, e integrante do grupo de trabalho (GT) Cultura Infância da Rede Nacional Primeira Infância.