Pai, dê o peito para o seu filho
A mãe é a protagonista na hora de amamentar, mas também tenho convicção de que a mulher não amamenta sozinha. É preciso muito apoio e esse papel pode ser exercido pelo companheiro.
Nos centros urbanos, onde vive a maioria da população brasileira, as famílias estão isoladas, diminuindo o contato e a transmissão das experiências das mulheres que já amamentaram, por isso é imprescindível promover rodas de conversas, cursos, encontros envolvendo não só as gestantes, mas os ‘casais grávidos’.
É preciso incentivar a participação ativa do pai desde a gestação, já que a figura paterna pode ser decisiva para prolongar o aleitamento. É o que revela a pesquisa desenvolvida por docentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG). O estudo, realizado com famílias do Vale do Jequitinhonha, concluiu que o risco de desmame precoce entre crianças que não moram com o pai é duas vezes superior ao registrado entre aquelas que vivem com ele.
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Campanha de Valorização do Cuidado Paterno
Lá atrás, em 2003, o portal aleitamento.com, criou a “Campanha de Valorização do Cuidado Paterno” que teve como mote: “Pai, dê o peito para o seu filho!”. O objetivo era chamar a atenção da sociedade sobre a importância da participação do homem na amamentação. E dar o peito significa dar colo, trocar fraldas, conversar, ler para o bebê, levar ao posto de saúde, assumir tarefas domésticas e cuidados com outros filhos.
Afinal, a participação do pai desde o início da gestação e o convívio com seus filhos terão repercussões para toda a vida da criança e da família. Acredito que o grande desafio do pai de hoje inclui muitos aspectos. Pai que é pai: acompanha a gestação; o parto e a amamentação; exerce os cuidados cotidianos; é provedor material; ouve; olha nos olhos; brinca; está presente; provê possibilidades de lazer, esporte e cultura; possibilita o acesso aos seus direitos, à saúde e à educação; é ético, não mente e respeita as suas escolhas; garante a sua presença mesmo tendo se separado e, claro, cuida de si próprio.
Dicas para a participação efetiva e afetiva do pai no aleitamento:
1. Por vezes a mulher pode estar insegura de sua capacidade de amamentar. O apoio paterno será fundamental.
2. Mesmo que seja difícil aceitar tantas mudanças no cotidiano, lembre-se que a amamentação é um período passageiro. O bebê é prioridade nos primeiros meses de vida.
3. A presença, o carinho e o apoio durante o período de aleitamento são fatores importantes para a manutenção do vínculo afetivo do trinômio: mãe + filho + pai.
4. No período de amamentação, o pai deve assumir com mais intensidade as tarefas domésticas. As necessidades do recém-nascido são prioridades nesta fase.
5. O pai deve dividir as tarefas do cuidado cotidiano do bebê, como trocar fraldas, ajudar no banho, vestir, embalar, etc.
6. Mantenha-se sereno (sentir ciúmes do seu filho é natural)
7. Procure ocupar-se mais dos outros filhos (se tiver)
8. Não traga para casa latas de leite, mamadeiras, chupetas, bicos de silicone, cigarros e bebidas alcoólicas.