Mas afinal, “criança não tem que querer nada mesmo”?
Você já se perguntou porque as crianças que querem “chamar atenção” fazem barulho, jogam coisas no chão e são irritantes?
Já parou pra pensar por que é tão comum associarem criança “mal educada” à alguém que recebe pouca atenção dos pais?
Já percebeu que essas são as mesmas crianças que ficam de castigo, apanham, perdem privilégios, e ainda assim permanecem com esses comportamentos?
Pois é, a escritora Laura Gutman chama isso de Comunicação Negativa. A criança aprende a buscar a atenção de forma deslocada quando a forma direta não traz retorno. Estudando algo semelhante, a doutora em educação Jane Nelsen colocou as teorias de Adler e Dreikurs em uma proposta chamada Disciplina Positiva.
Disciplina Positiva
Nessa proposta ela nos explica que todos buscamos aceitação e pertencimento, mas que quando não conseguimos nas vias diretas, buscamos de forma equivocada, levando essa crença equivocada inclusive para a vida adulta.
Mais do que isso, ela explica que essa forma equivocada geralmente é ensinada para as crianças por nós, adultos! Sem perceber, erroneamente ensinamos quando damos atenção justo nas horas en que as crianças mais nos incomodam: a nossa resposta, os momentos em que respondemos, ensinam a elas como e quando conseguir essa atenção, mesmo que de forma negativa, equivocada. Além disso, quando reagimos negativamente à essa busca, também acabamos por fazer a criança se sentir pior consigo mesma, pois quando finalmente recebe a atenção que busca, a recebe com broncas, críticas e castigos.
Assim construindo nela o sentimento de que não é aceita nem pertence, que não sabe fazer as coisas direito, que é chata, irritante.. o que a leva a agir ainda pior.
“Crianças que se comportam mal são crianças desencorajadas” diria Dreikurs.
Dra Jane Nelsen nos explica que quando as crianças estão menos amáveis é quando mais precisam do nosso amor. Mas não confunda isso com permissividade: ela delimita de forma simples e objetiva que a Disciplina Positiva propõe o equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade: precisamos ser firmes com gentileza. Respeitosos no trato com os pequenos, mas dando-lhes o direcionamento necessário. Encorajando e acreditando neles, e ensinando como fazer as coisas, investindo nosso tempo em treinamentos e explicações, para então podermos esperar deles o produto das ferramentas que ensinamos.
Projeções dos pais sobre os filhos
Parando para pensar, quais as características que você gostaria que seu filho tivesse enquanto adulto? Pro ativo? Perseverante? Criativo? Uma pessoa empática, respeitosa, boa? E quais dessas características você promove com seus comportamentos e repostas hoje?
Será que seu filho de sente encorajado, com vontade de ajudar porque não vai ser criticado toda hora? Se sente à vontade para ser criativo, perseverante, a participar das coisas com você? Será que seu filho sente que é respeitado? Que sua opinião é ouvida? As coisas lhes são explicadas, ou é sobrado que saiba fazer sem ninguém nunca ter investido tempo pra ensinar?
Ou, ainda, será que tudo é feito conforme os adultos decidiram apesar das vontades dessa criança? Será que vai aprender a ser respeitoso, quando é desrespeitado e forçado no seu dia a dia a ignorar suas vontades?
Nosso desejo por controle da vida dos nossos filhos fica minando as possibilidades de sua autonomia, e pro atividade, minando possibilidades quando adultos.
Respeite a criança
Não é “obedecer a criança” ou “deixar ela manda”, jamais diria isso, ela não tem maturidade pra tamanha responsabilidade! Digo respeitar mesmo a criança, ouvir, entender o que está se passando, explicar as coisas como são, perguntar o que ela quer, se já está satisfeita ou quer comer mais, se está pronta ou precisa de um tempo, e permitir que a criança aprenda a organizar devagar suas vontades e limites sem que isso seja imposto. Ela faz porque entende. E quando compreende a criança coopera. Mas isso demanda energia, paciência e tempo dos adultos.
E você? Quanto tempo, energia e paciência tem para dedicar para o crescimento do seu filho hoje?
Porque o seu tempo, a sua dedicação, tenho certeza que seu filho precisa, e quer. E criança tem que querer mesmo, e poder pedir da melhor forma. Assim não precisa buscar ou pedir de formas erradas, equivocadas e incompreensíveis.”
*Autora: Nanda Perim é psicóloga, educadora parental, mãe de dois e fundadora da plataforma PsiMama. Fala de Parentalidade Consciente e empoderamento parental sob a perspectiva do protagonismo da criança em sua infância. Promove autonomia, respeito, Disciplina Positiva e muito, muito, muito amor e gargalhadas. Para conhecer mais, acesse Instagram.com/psimamaa ou www.facebook.com/psimamaa, www.PsiMama.com.br