12 de junho de 2018 4daddy

[Dica de leitura] Livro prepara pais para lidar com altos e baixos da pré-adolescência

pre adolescente

Livro prepara pais para lidar com altos e baixos da pré-adolescência

Nem criança nem adolescente. A pré-adolescência, etapa que vai dos 8 aos 12 anos, é uma fase de intensas mudanças para os filhos e que pega muitos pais despreparados. A voz muda, o rosto se enche de espinhas, o cheiro do suor fica mais forte, as meninas menstruam e os garotos ganham pelos no corpo. Seria mais fácil se as alterações fossem apenas físicas. Para tristeza dos pais, é neste momento que deixamos de ser a principal referência para os filhos e somos trocados pelos amigos.

Para ajudar pais e mães a compreenderem esta fase que pode ser de altos e baixos, a jornalista Daniela Tófoli está lançando o livro Pré-Adolescente: um guia para entender seu filho, publicado pelo selo Principium (Globo Livros). Mãe de Helena, a jornalista percebeu a falta de informações sobre o assunto quando a filha entrou na pré-adolescência.


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“Falta esse conhecimento porque os pais ficam em uma espécie de ‘limbo’ de informação. Temos muitos livros, sites, blogs, publicações e pesquisas sobre primeira infância e adolescência, mas muito pouca coisa sobre essa fase que fica entre essas duas”, afirma Daniela.

Segundo a jornalista, o objetivo do livro é ajudar os pais a entenderem o que está se passando para que consigam ajudar os filhos. “É uma etapa onde acontece de tudo: as mudanças no corpo, a alta atividade cerebral – é a fase da vida onde nosso cérebro está em maior crescimento- , a passagem do ensino fundamental 1 para o 2, o primeiro beijo ou a primeira paixão platônica, a menstruação, o ganho da autonomia, as incertezas com a autoestima, o contato mais próximo com a tecnologia, o agravamento do bullying e por aí vai. Para dar conta de tudo, as famílias precisam estar preparadas.”

No livro, ela conta que “como os pré-adolescentes não têm o córtex pré-frontal desenvolvido, não conseguem controlar com efetividade seus impulsos, tornando-se inconstantes, ansiosos, desconcentrados ou inseguros”. “Eles ainda não entendem plenamente as consequências de suas ações, ou não as estimam direito. Isso também se deve ao córtex pré-frontal imaturo, que confunde hipóteses com projeções futuras mais reais.”

Saber tudo isso ajuda a lidar com menos trauma com o comportamento inconsequente do pré-adolescente. “Alguns pais acabam acelerando e cobrando até mais do que os filhos têm capacidade de oferecer. Por isso, é fundamental entender o que está acontecendo no cérebro deles.”

Apesar da dificuldade, Daniela diz que os pais devem entender que o fato de serem substituídos pelos amigos não é uma afronta pessoal. “É uma necessidade vital, que faz parte do desenvolvimento das habilidades sócio-emocionais do pré-adolescentes.”

Mesmo sendo trocados pelos amigos no papel de confidentes, os pais não podem nunca abrir mão de amparar e acolher o filho pré-adolescente. “Pode até parecer que eles não querem mais os pais tão por perto assim, mas eles não só precisam como sentem falta quando isso não ocorre. Os pais precisam estar juntos, de uma maneira um pouco mais discreta, acompanhar os filhos, e, principalmente, ouvi-los. E é um ouvir sem julgamento, sem sermão. Até pode ser que ele precise de uma orientação, mas fazer isso em outro contexto, sem parecer um inquisidor durante uma conversa, dá muito mais certo”, afirma a jornalista especializada em família.


Leia também:

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  2. Por que as crianças estão ajudando menos nas tarefas domésticas?
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Leia abaixo íntegra da entrevista da Daniela Teófilo concedida por e-mail para a colunista da Veja Fabiana Futema do “Mãe para toda obra”:

Por que existe tão pouco material sobre a pré-adolescência? É um sinal de que os pais negligenciam um pouco esta etapa?

A pré-adolescência é vista como o final da infância, o que de fato não deixa de ser, mas é uma fase onde acontecem tantas e tão intensar mudanças que só há pouco tempo passou a ser alvo de estudos e pesquisas específicas. Por isso, ainda não temos muito material, especialmente no Brasil. Acho que os pais negligenciam um pouco por falta de conhecimento mesmo e, quando percebem que o filho está na pré-puberdade ou que o comportamento está diferente, levam um susto. Ter informações e estar preparado para as transformações ajuda muito.

Saber que a pré-adolescência começa aos 8 anos assusta um pouco. De forma geral, falta conhecimento?

É um pouco assustador mesmo. Falta esse conhecimento porque os pais ficam nesse “limbo” de informação. Temos muitos livros, sites, blogs, publicações e pesquisas sobre primeira infância e adolescência, mas muito pouca coisa sobre essa fase que fica entre essas duas. E é uma etapa onde acontece de tudo: as mudanças no corpo, a alta atividade cerebral (é a fase da vida onde nosso cérebro está em maior crescimento!), a passagem do ensino fundamental 1 para o 2, o primeiro beijo ou a primeira paixão platônica, a menstruação, o ganho da autonomia, as incertezas com a autoestima, o contato mais próximo com a tecnologia, o agravamento do bullying e por aí vai. Para dar conta de tudo, as famílias precisam estar preparadas.


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Você acredita que os pais se ressentem de perceberem que o fim da infância está próximo e tentam postergar essa etapa? Isso prejudica o desenvolvimento do filho?

Eles se ressentem por estarem perdendo o papel de principal referência na vida dos filhos, não são mais os “heróis”, nem tudo o que dizem mais é “lei” incontestável e, ao perder esse posto, muitos pais sofrem. Mas não acho que tentam postergar a infância, pelo contrário, alguns acabam acelerando e cobrando até mais do que os filhos têm capacidade de oferecer. Por isso, é fundamental entender o que está acontecendo no cérebro deles. Essa “troca” dos pais pelos amigos não é uma afronta pessoal, é uma necessidade vital, que faz parte do desenvolvimento das habilidades socioemeocionais do pré-adolescentes, por outro lado, é como se o “acelerador” do cérebro dele estivesse pronto, mas não o “freio” e por isso temos muita impulsividade e é mais do que necessário que os pais continuem por perto, apontando o caminho. Não com superproteção, mas como um guia que precisa corrigir eventuais desvios de rota.

Que mudanças devemos esperar a partir desta idade?

Já citei várias acima mas, além das mudanças corporais (aparecimento do suor, dos pelos, da acne e dos seios, mudança de voz, estirão de crescimento, final da troca da dentição, menarca, primeira ejaculação etc) – que são as mais visíveis e, geralmente, quando os pais se dão conta que o filho não é mais tão criança assim, tem todas as mudanças de comportamento que vão desde o fortalecimento do círculo de amigos, a comparação entre eles (e é aí que surgem desde os problemas de baixa autoestima até os transtornos alimentares), os altos e baixos emocionais, a contestação (não é mais aquela argumentação de por que o céu é azul, agora eles querem explicações mais profundas, que demandam tempo e paciência), a curiosidade pelo início da sexualidade, a vontade de brincar menos e de ficar mais nos gadgets se não for corretamente estimulado – vale lembrar que pré-adolescente ainda precisa brincar, e muito!

Que conselho você daria aos pais que querem participar mais desta fase da vida do filho?

O que não muda de jeito nenhum na pré-adolescência é a necessidade que os filhos têm de se sentirem amparados e acolhidos. Pode até parecer que eles não querem mais os pais tão por perto assim, mas eles não só precisam como sentem falta quando isso não ocorre. Os pais precisam estar juntos, de uma maneira um pouco mais discreta, mas acompanhar os filhos, e, principalmente, ouvi-los. E é um ouvir sem julgamento, sem sermão. Até pode ser que ele precise de uma orientação, mas fazer isso em outro contexto, sem parecer um inquisidor durante uma conversa, dá muito mais certo. Escutar o que seu pré-adolescente tem a dizer de coração aberto é uma das principais ferramentas para passar por tantas mudanças com mais tranquilidade. Acho que esse é o principal conselho. E, ainda que seu pré-adolescente não seja dos mais falantes, só de observá-lo é possível saber se está tudo bem ou se algo o incomoda. Mas, para isso, é preciso ter tempo e ter disposição. Criar oportunidades de diálogo que não seja o “senta aqui e vamos falar sobre tal assunto”, mas também não querer ser o melhor amigo (afinal, você é pai ou mãe) é desafiador, mas também de uma riqueza sem igual.

Fonte: Fátima Fatume, colunista da Veja na seção “Mãe para toda obra”. Link original: https://abr.ai/2t3fwQl

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